Diário da Serra
Diário da Serra

Francisco, o pai mineiro agregador

Redação DS 03/02/2018 Memória

Francisco José Mendonça

Memória

Assim como quase todas as outras histórias já relatadas no Memória de Pioneiros que fizeram uma Tangará da Serra forte e pujante, que viram aqui a possibilidade de mudanças e crescimentos, a de Francisco José Mendonça não é diferente.
De família  humilde e trabalhadeira, ainda muito pequeno começou a ajudar os pais na lida em lavouras de arroz, milho, feijão e outras para sustentar uma família bastante grande, que não nos foi possível precisar.
Mas é certo, que seguiu os passos do pai e aprendeu com maestria a lavorar na terra de onde tirou durante toda a sua vida o sustento dos seus.
Nasceu em Prata, Minas Gerais e quando era adolescente, mudou-se para Goiânia com toda a  família, que segundo, Alcedino, o filho mais velho, que nos contou a história, o avô queria uma terra maior para assentar todos os filhos próximos. “Antigamente, as famílias moravam juntas, pertinho uma das outras e as terras do meu avô ficaram pequenas, daí ele mudou”, relata.
Chegando em Goiânia, Francisco depois de um tempo, já com 25 anos, no ano de 1940 casou-se com Cecília Maria Barcellos e do enlace nasceram 16 filhos: Alcedino, Delcides, Marcelino, Áries, Maria, Ambrosia, Lazara, Nalia, Vilma, Cleuza, Celma, José, Valdir, Valteir, Iraci(In Memorian) e Oripedes (In Memorian).
Com o crescimento da família, assim como rezava a tradição, era hora de aumentar as terras para assentar os filhos que já começavam a também formarem suas famílias.
Foi quando por intermédio de um parente, ouviu falar de Tangará da Serra.
Em uma Kombi, no ano de 1971, veio com o filho Alcedino e outras quatro pessoas conhecer a região. Dentro do veículo, vieram 12 pessoas, que ao chegarem na Serra Tapirapuã precisaram puxar de corda o carro para subir, pois era época de chuva e de outro jeito não era possível.
“A viagem durou três dias. Era época de chuva, muita chuva caindo, então a gente puxou o carro de corda”, relembra o narrador.

O desbravador incansável que queria os filhos por perto

Vendo que o lugar era propício, voltou para Goiânia, vendeu tudo que tinha e retornou. A família veio em dois caminhões, um jipe e uma Kombi. “a gente teve que descer na serra e vinha caminhando e escorando pedras nos pneus para os carros não voltarem para trás”, conta a nora Maria, esposa de seu Alcedino.
Chegando aqui, em Tangará da Serra, comprou uma pensão que havia próxima a rodoviária e alojou a família, que nesse tempo, dos 14 filhos, já tinham sete casados.
Decidido, comprou uma terra na Palmital, e assentou todos os filhos, onde estão até os dias de hoje.
Era alegre e tinha amor pela terra, mas infelizmente adoeceu e isso o impossibilitou de trabalhar.
“Ele tinha um problema no estômago e até operou. O médico falou para ele que não podia fazer serviço pesado, mas como ele não conseguia ficar parado, com o tempo o problema voltou e ele não conseguia comer nem beber. Ficou uma palhinha, até que morreu. Ele ficou internado uns dez dias e não falava mais. Daí um dia a gente veio visitar ele e eu vi que ele acenou com a cabeça mostrando que queria ir lá no sítio. Arrumamos um carro e levamos ele lá. Foi só chegar, ele deu uma olhada para o lugar, quando colocamos ele na área da casa ele partiu”, relembrou o filho.

A homenagem

Por serviços relevantes prestados ao Município de Tangará da Serra,  e por ser um dos pioneiros que se  dispuseram a abrir uma cidade que ainda estava nos sonhos, Francisco José Mendonça foi homenageado pelo Poder Público e teve seu nome eternizado em uma das ruas da cidade. A homenagem é uma pequena lembrança para quem tanto fez. A rua  que leva seu nome é popularmente conhecida como 11-A, na Vila Horizonte e passa ao lado Instituto Federal de Mato Grosso.

Rosi Oliveira / Especial DS

Diário da Serra

Notícias da editoria