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Lenilse – esperança e realizações firmam os passos da educadora

Redação DS 19/08/2017 Memória

Ao lado dos filhos, amores eternos

Memória

A menina que tinha o dia seguinte como esperança e a família como certeza, natural de Nova Venécia- ES, depois de passar por São Geraldo do Araguaia – PA, encontrou em Tangará da Serra possibilidades antes não conhecidas. Enfrentou dissabores. Mãe de três filhos (Joice – in memorian – Joel Júnior e Jeferson Lucas) tem duas noras e dois netos. Professora. Paciente, perseverante, amorosa e sábia.
Entre necessidades e sonhos: a figura paterna
Lenilse destacou que, por algum tempo, teve que assumir os afazeres domésticos quando chegou a Tangará da Serra, em decorrência das enfermidades materna e paterna, para que os irmãos mais velhos trabalhassem fora para colocar dinheiro a mais em casa. “Meu pai ficava muito triste ao ver os filhos tendo que trabalhar para ajudar em casa, pois ele acreditava ser o responsável por prover o sustento da família”. Ela estudava à noite. Cuidava da casa e da mãe doente. Nas férias das irmãs, trabalhava de doméstica, com o dinheiro ganho, comprava material escolar.
Lenilse relata que o pai foi vigia no posto de gasolina de seu Domingos, e depois trabalhou em um ferro velho. Uma das memórias que marcaram a relação entre ambos foi o presente a ela oferecido. “Eu queria muito um brinco de ouro e meu pai ficou sabendo; não tínhamos condições de comprar. Lembro que meu pai chegava bem cedinho do posto de gasolina, fazia bolo e saia vendendo as fatias, até conseguir dinheiro suficiente para comprar os brincos e me dar de presente” relata, com olhos transbordando de alegria e de saudades.
Lembra que uma das últimas realizações do pai foi a construção da casa para a família, ocorrida em agosto de 1975. “Ele desfrutou muito pouco dessa conquista. Dias depois veio a óbito”.


O estudo: porta para o mundo

Agosto um mês simbólico em seu percurso. Nascida em 14/08/1960, é caçula de uma série de vários irmãos. Com apenas 13 anos chegou a Tangará da Serra, juntamente com a mãe e quatro irmãos, trazida por um dos irmãos que aqui Morava (Jaci). Era mês de agosto. Seu pai viera um mês antes. Neste mesmo mês, procurou a escola Manoel Marinheiro, onde se matriculou em um programa educacional, retomando os estudos. No ano seguinte, matriculou-se na escola 29 de Novembro, onde concluiu o ensino e fundamental (1978) e o magistério (1981). Graduou-se em Pedagogia, pela ITEC, (1994). Fez pós- graduação em geografa (1991), na UNEMAT de Cáceres.
A docência - Ainda cursando o normal (1979), começou a lecionar em uma escolinha localizada no Ararão, extensão da Escola 29 de Novembro. Fazia o trajeto de ida e volta de bicicleta. “Mal dava tempo de chegar a casa da tia Alvani, tomar banho e ir para escola, cursar o magistério,” relata. Segundo ela, tinha dia que, para não ir para escola sem almoço, a prima Adilcima preparava seu prato, enquanto ela tomava banho para tirar a poeira. Segundo ela, essas duas pessoas (Alvani e Adilcima) desempenharam papel preponderante em sua vida. “A tia Alvani era só alegria. Incentivava. Apoiava. Acolhia. Não deixava a gente desanimar”.
Relata que, nessa época (década de 80), ao receber seu primeiro salário, dirigiu-se a uma loja, comprou uma bolsa e uma carteira para guardar o dinheiro. Em seguida, dirigiu-se ao hospital e à farmácia pagar as despesas derivadas de cuidados requeridos para restabelecer a saúde materna. “Não sobrou nenhum dinheiro. Nadica de nada!”
Em 1981, começou a lecionar na Escola João Batista, à época extensão da “Escola 13 de Maio”. De 1982 até 1985, trabalhou na escola do Pé-de-Galinha, extensão da “Emanoel Pinheiro” onde enfrentou os desafios as estradas de barro, indo de ônibus ou de carona. Nesse ínterim, passou no concurso estadual para o cargo de professora (1984).
Na década de 90, abandonou o magistério e se dedicou a uma loja de móveis da família. Em 1994, a mãe falece. Em 1997 retorna à educação, lecionando em duas escolas estaduais. Até que, em 2004, assume a cadeira de professora municipal, sendo lotada no CME “Décio Burali”. No ano seguinte, foi coordenadora no CME João Maria Filho e em 2007, integrou a equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação – SEMEC – onde permaneceu até sua aposentadoria, em 2012.


Realizações e bem estar

Lenilse Barbosa considera uma mulher realizada. Seus bens materiais foram frutos do árduo e realizador trabalho junto à educação pública. Mora há 32 anos na Avenida Tancredo Neves, próximo à rua um. Lembra que quando ali chegou, era só taboca e água brotando do solo. “era um brejo só. Água minava no meio da casa em tempo de chuva. Hoje, aqui é considerada área nobre”. Segundo ela, tudo que conseguiu, “primeiramente, graças a Deus, aos meus esforços e ao apoio recebido de familiares e amigos”. Afirma que foi a educação, a vocação para ensinar, coordenar, ouvir, que lhe permitiu gozar de bem-estar impossível de ser desejado à época de criança.

Aprendizados e Ensinamentos

Enquanto ensinamentos e aprendizados, Lenilse afirma que “Deus me concedeu uma família, formada por dois filhos maravilhosos, duas noras amadas e dois netos que sãos os amores mais doce e profundo da minha vida”. Aprendeu a cuidar dos irmãos. Esse ensinamento também é oferecido aos amigos. É uma mulher que fez e faz renúncias para dedicar à quem precisa de cuidados, de ajuda. Compreende a interpreta as pessoas pelo olhar. É zelosa; cuidadosa. Uma guerreira que construiu pontes e portas.
Hoje, aposentada se dedica a curtir a família e prestar serviço voluntário na igreja.

>> Iolanda e Rodney Garcia - Especial DS

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