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Gastão Lourenço de Lima, o homem que tocou as nuvens

Redação DS 12/08/2017 Memória

Gastão nasceu no dia 04 de outubro de 1945

Memória

Os seres humanos são dotados de sonhos, uns de serem médicos, outros de serem artistas e outros anseiam como os pássaros voar. Assim era  Gastão Lourenço de Lima, que um dia descobriu que ficar a metros de altura era algo fascinante.
Nascido em uma família simples, não teve muitas chances de estudar enquanto garoto, tendo essa oportunidade apenas quando já era um rapaz.
Gastão nasceu no dia 04 de outubro de 1945 e com mais seis irmãos cresceu numa família alegre e muito unida.
Filho de Armelindo e  de dona Maria Angélica, muito cedo começou a trabalhar e ajudava na criação e sustento dos irmãos mais novos. A família trabalhava na terra de terceiros, onde realizava o plantio de fumo e outras cultivares.
Quando tinha 17 anos, a família decide se mudar para a cidade de Francisco Beltrão e ele tem então a chance de estudar, mas mesmo assim, teria que trabalhar para ajudar a família.
Chegando a cidade conseguiu serviço em um aeroporto onde trabalhava de guarda. “Ele passou a ser guarda e tomava conta de umas máquinas no aeroporto onde estavam fazendo uma pista de pouso”, relata o filho Danilo, que nos conta a história de Gastão. Como tinha poucas posses, passava parte de seu tempo trabalhando  no hangar, com manutenção, onde fazia a limpeza das aeronaves e outros serviços, e a noite trabalhava como guarda no local, quando passou a alimentar o sonho de ser piloto. “Trabalhando ali, fez amizades e estudava nos livros dos amigos que ali estavam. Lavava avião, trabalhava de guarda e recebia como pagamento horas de voo”, lembra o filho, ao destacar que para ser aprovado o pai fez quatro vezes o teste.
Com lutas e dificuldade, conseguiu ser aprovado e passou a realizar seus voos, passando a trabalhar com o empresário Ageu Fogliatto que possuía terras aqui em Tangará da Serra. Os voos eram regulares e aconteciam por toda essa região, mas Tangará da Serra chamou a atenção do comandante que percebeu a carência do local, quanto a aviões.Há época, as estradas eram muito ruins o que dificultava a trafegabilidade.

Gastão: O voador que se reinventou dia após dia

Viajando por essa região, por ela se encantou. No ano de 1975 a conheceu e em 1982 se desligou da prefeitura onde trabalhava e para cá se mudou com a esposa e os dois filhos, Danilo e Deomar. “Ele chegou aqui na época que Tangará nem aeroporto tinha. Se desligou do serviço prestado ao empresário e com o dinheiro comprou uma aeronave e começou o serviço de táxi aéreo. Mas com a melhora das estradas, os voos começaram a diminuir, então fomos para uma região de garimpo, onde o negócio fracassou e tivemos que mudar de ramo”, recorda. “Então colocamos um avião usado para fazer a pulverização de lavouras e o negócio foi se expandindo, e assim segue até os dias de hoje”.
Visionário que era, ao se estabelecer em Tangará da Serra, de imediato buscou uma área para implantar o negócio que começava a decolar. “Quando chegamos aqui ele viu essa área de pequenos sitiantes e entendeu que aqui seria o lugar ideal, comprou e começamos a implantar a empresa”, conta Danilo, recordando que um negócio que nasceu pequeno hoje conta com uma estrutura bastante importante.
Atualmente a Aero Agrícola Rondon tem 45 funcionários e uma frota de 13 aviões que presta serviços em Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Bahia.  A empresa winclusive serve como referencial para aviões que vem ao município. Trabalha duro e com afinco, estando totalmente legalizada. Atualmente presta também serviços mecânicos em aeronaves de toda a região.
Conforme os negócios foram expandindo, Gastão percebeu a dificuldade em pilotar e administrar, então optou pela segunda opção e passou a apenas administrar a empresa, passando o bastão de piloto ao filho que seguiu seus passos na aviação.
“Quando a gente começou tudo era muito difícil, pois tinha que aplicar os produtos em quantidade que precisava de muita conta para fazer certinho, então ele começou a ficar mais na administração porque não dava para fazer as duas coisas”.

Um legado passado de pai para filhos

Os anos foram passando, a empresa se consolidou e Gastão seguia firme a frente dos negócios, até que sua saúde começou a dar alguns sinais de alerta.
O trabalho com plantação de fumos acabou por abrir-lhe o caminho para começar a fumar, o que lhe rendeu em 2008 um enfisema pulmonar, que foi aos poucos debilitando a sua saúde. Tinha dificuldade para respirar e cansava com muita facilidade. “De um sábado para domingo ele tinha convidado a família pra um almoço, mas não acordou. Partiu dormindo”, relata o filho.
Partiu no dia 15 de agosto de 2004. Gastão foi sinônimo de  honestidade, sinceridade,  que deixou aos seus. Tinha fama de bravo, mas era sincero apenas, não esperava para falar e por esse e outros motivos deixou muitas saudades.
Com sua partida, os filhos dão seguimento ao legado do pai e continuam a tocar a empresa que cresce a olhos vistos.

>> Rosi Oliveira - Especial DS

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