Diário da Serra
Diário da Serra

ANTONIO, GUERRIERO DI DIO

Sílvio Tamura 04/06/2019 Artigos

Por onde passava, conglomerados se juntavam ao seu redor para pedir-lhe bênçãos e graças

Artigo - ANTONIO, GUERRIERO DI DIO

ANTONIO, GUERRIERO DI DIO

Era um homem magro, alto, místico e misterioso. Andava pelos vilarejos, percorria distâncias, levava fé, esperança e pregava a Palavra do Senhor. De longe, quando o viam, logo a ele recorriam; e este, prontamente, os socorria. Pouco dele sabiam. Corriam histórias mirabolantes sobre este jovem frade, vestido de marrom, com uma corda amarrada à cintura, acompanhado de um Santo Rosário. Certo dia, retornando da África, o navio em que estava naufragou, e inexplicavelmente, sobreviveu entre os destroços da tragédia. Morava em Pádua (Itália), mas pelo sotaque, sabiam que era português. Investigando-o, descobriram que ele se chamava Fernando, da família dos Bulhões e Taveira de Azevedo, nobres da Casa Real lusitana. Renunciou títulos, bens e heranças para se entregar ao sacerdócio, servindo aos desígnios de Deus. Ao ser ordenado, assumiu a denominação de Frei Fernando. Entrementes, sonhava conhecer São Francisco de Assis, personalidade à qual tinha extrema admiração, e tempos depois, fora convidado pelo próprio a entrar para a Ordem dos Franciscanos. A partir de então, o jovem Fernando de Bulhões resolve trocar de nome, passando a se chamar Antônio, em adoração a Santo Antão de Abade, considerado ‘Pai dos Monges’. Uma vez, havia um rapaz morando numa casa, sozinho, isolado pelo fato de ser leproso. Todos dele tinham medo, e o evitavam, pois a enfermidade era contagiosa. Visitando-o, Frei Fernando abençoou-o e a doença foi extirpada. Ninguém acreditava no ocorrido. Como poderia alguém se aproximar de um portador de lepra em estado avançado e não ser contaminado? E ainda por cima, curá-lo. Santo Antônio detinha extraordinária maestria com as palavras, e multidões se formavam para ouvir suas pregações. Por onde passava, conglomerados se juntavam ao seu redor para pedir-lhe bênçãos e graças. Um dia, apregoando às margens de um rio, alguns dos presentes começaram a gritar, chamando-o de charlatão, virando as costas e abandonando o local. Incomodado com o descaso, Santo Antônio ergueu os braços, apontou os dedos para as águas e pediu que todos olhassem naquela direção. Enigmaticamente, os peixes começaram a saltar do flúmen, organizando-se um a um, em ordem crescente, do menor para o maior. Todos ficaram encantados com o fenômeno, conhecido como ‘Milagre do Sermão dos Peixes’, lembrado até hoje. Santo Antônio de Lisboa detinha o poder de bilocação, ou seja, estar em dois lugares ao mesmo tempo. Vários são os relatos de pessoas que viram Santo Antônio em diferentes territórios, simultaneamente. Noutra ocasião, St. Antônio doou todos os pães da abadia para os necessitados. Desesperado, o padeiro preocupou-se como iria alimentar os religiosos que a pouco viriam. Neste instante, Santo Antônio pede que o mesmo olhasse novamente a cesta; e num ato benesse, surgiram dezenas de pães no balaio, subitamente. Os que frequentam as comunidades dedicadas a Santo Antônio, muito provavelmente já tenham visto ou presenciado a tradicional distribuição do ‘Pãozinho de Santo Antônio’, ao fim das celebrações. Santo Antônio de Pádua dedicou toda a vida aos enfermos, pobres e desamparados. Com saúde debilitada, faleceu precocemente, em 13 de junho de 1231, aos 36 anos. Minutos após sua morte, os sinos da Catedral começaram a tocar sozinhos, misteriosamente. Numa noite de chuva, com velas nas mãos, centenas de fiéis se aglomeravam em frente à igreja, chorando a morte de um dos maiores e mais populares Santos da história do Catolicismo. Em vista da quantidade de milagres, Santo Antônio foi canonizado em tempo recorde, apenas onze meses após sua partida. Aos apaixonados pela cinematografia, recomendo o longa-metragem ‘Antonio, Guerriero di Dio’ (Antônio, Guerreiro de Deus), versão italiana traduzida para nosso país como ‘Santo Antônio de Pádua’. No Brasil, o Dia dos Namorados (12 de Junho) é comemorado na véspera do Dia de Santo Antônio (13 de Junho), em sua alusão, considerado e testemunhado por muitos como Santo Casamenteiro. Protetor das famílias, dos comerciantes, dos objetos perdidos e de seus devotos, Santo Antônio de Lisboa faz parte da religião e da cultura nacional, presente nas festas juninas e em diversos lares brasileiros. Inúmeras pessoas, ruas, praças, empresas e instituições levam seu nome, homenageando-o pelo mundo. Viva Santo Antônio de Pádua! Viva!  

Sílvio Tamura. Santo Antônio, querido amigo, muitíssimo obrigado, mais uma vez.



Diário da Serra

Notícias da editoria