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Hino de Mato Grosso foi oficializado 60 anos após primeira apresentação

Lorena Bruschi / Arquivo Público MT 08/05/2019 Geral

O Estado comemora seus 271 anos nesta quinta-feira, 9

Dom Aquino recebe o interventor federal José Marcelo Moreira, em 1946 (Foto: Secom MT)

Uma das principais obras de Dom Francisco de Aquino Corrêa, o Hino de Mato Grosso, só foi reconhecido oficialmente por meio de decreto estadual, em 1983, a partir da avaliação por uma comissão criada para estudar possíveis mudanças na sua letra. A polêmica avaliação envolveu a citação de municípios que não pertenciam mais a Mato Grosso após a divisão do Estado, em 1977.


O Estado comemora seus 271 anos nesta quinta-feira, 9. Mas os municípios como Dourados e Corumbá, localizados em Mato Grosso do Sul, compõem o arranjo do Hino do Estado, que na época suscitaram muita discussão. Apesar disso, a comissão optou por manter a letra original e preservar a história local. “Dos teus bravos a glória se expande, de Dourados até Corumbá”, canta a letra até os dias atuais.


A interpretação dada pela comissão é de que o trecho ressalta a bravura do de Antônio João Ribeiro, que comandou a colônia Militar de Dourados, e dá destaque para Antônio Maria de Coelho pela bravura na retomada de Corumbá na guerra do Paraguai, e que ocupou o cargo de primeiro governador de Mato Grosso já na fase Republicana. 


“Mas o heroísmo dessas figuras não diz respeito apenas a Mato Grosso, e sim ao Brasil, nas circunstâncias por que passava a soberania nacional”, relata parte do relatório da Comissão que institucionalizou o Hino de Mato Grosso. O relatório completo da Comissão nomeada pelo então governador Júlio José de Campos faz parte do acervo da Superintendência de Arquivo Público de Mato Grosso. 


Dom Francisco de Aquino Corrêa foi uma figura pública com grandes contribuições para Mato Grosso. Nasceu em Cuiabá em 2 de abril de 1885, e durante sua trajetória se tornou Arcebispo de Cuiabá.


Não só foi o compositor do Hino de Mato Grosso, como oficializou o Brasão de Armas do Estado de Mato Grosso, em 1918 - inspirado no brasão de Cuiabá, datado de 1727 - quando foi eleito o governador de Mato Grosso (1918-1922). Faleceu em São Paulo (SP), em 22 de março de 1956.


Ente seus feitos estão ser o primeiro mato-grossense a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, e a inciativa de fundar a Academia Mato-grossense de Letras (AML), tornando-se presidente de honra da Instituição. Criou também o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, do qual foi eleito presidente Perpétuo. O arcebispo publicou ainda livros de versos como Odes e Terra natal, com poemas sobre Mato Grosso e o Brasil. 

 

Hino de Mato Grosso

Limitando, qual novo colosso, 
O Ocidente do imenso Brasil, 
Eis aqui, sempre em flor, Mato Grosso, 
Nosso berço glorioso e gentil! 

Eis a terra das minas faiscantes, 
Eldorado como outros não há, 
Que o valor de imortais bandeirantes 
Conquistou ao feroz Paiaguá! 

Salve, terra de amor, 
Terra de ouro, 
Que sonhara Moreira Cabral! 
Chova o céu 
Dos seus dons o tesouro 
Sobre ti, bela terra natal! 

Terra noiva do Sol, linda terra 
A quem lá, do teu céu todo azul, 
Beija, ardente, o astro louro na serra, 
E abençoa o Cruzeiros do Sul! 

No teu verde planalto escampado, 
E nos teus pantanais como o mar, 
Vive, solto, aos milhões, o teu gado, 
Em mimosas pastagens sem par! 

Salve, terra de amor, 
Terra de ouro, 
Que sonhara Moreira Cabral! 
Chova o céu 
Dos seus dons o tesouro 
Sobre ti, bela terra natal! 

Hévea fina, erva-mate preciosa, 
Palmas mil são teus ricos florões; 
E da fauna e da flora o índio goza 
A opulência em teus virgens sertões! 

O diamante sorri nas grupiaras 
Dos teus rios que jorram, a flux. 
A hulha branca das águas tão claras, 
Em cascatas de força e de luz! 

Salve, terra de amor, 
Terra de ouro, 
Que sonhara Moreira Cabral! 
Chova o céu 

Dos seus dons o tesouro 
Sobre ti, bela terra natal! 
Dos teus bravos a glória se expande 
De Dourados até Corumbá; 
O ouro deu-te renome tão grande, 
Porém mais nosso amor te dará! 

Ouve, pois, nossas juras solenes 
De fazermos, em paz e união, 
Teu progresso imortal como a fênix 
Que ainda timbra o teu nobre brasão! 

Salve, terra de amor, 
Terra de ouro, 
Que sonhara Moreira Cabral! 
Chova o céu 
Dos seus dons o tesouro 
Sobre ti, bela terra natal!

 

(Fonte: Decreto n. 38, de 03 de maio de 1983)
 

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