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Funcionária denuncia que profissionais são orientados a mentir para pacientes sobre realização de exames em Cuiabá

G1 MT 22/02/2019 Saúde
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Os pacientes que dependem de exames na rede pública de saúde de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, precisam esperar de seis a oito meses para realizar os procedimentos. Segundo uma funcionária da saúde do município, alguns pacientes já morreram esperando por exames.

 

O secretário de Comunicação da Prefeitura de Várzea Grande, Marcos Lemos, disse que faltam médicos especialistas nas unidades de saúde, mas que os pacientes são encaminhados ao centro de especialidades para que os exames sejam realizados.

 

A mulher, que não quis se identificar, disse que ela e outros funcionários são orientados a mentir para os pacientes dizendo que eles vão conseguir fazer os exames.

 

“Quando a pessoa precisa fazer exames de urgência, falamos para eles que se tiver condições, faça particular, porque aqui não vai sair. Mas somos orientados a sempre mentir dizendo que o exame vai sair. Já tive caso de paciente que já estava morto quando foi liberado para ele poder fazer o exame”, relatou.

 

Ela conta que, em um dos casos ocorridos em uma unidade de saúde no município, o paciente esperou por mais de dois anos para fazer o exame. “O exame chegou no nome dele e descobrimos que ele já tinha sido até enterrado”, disse.

 

Desde os exames mais complexos até os mais simples, como um hemograma, o paciente precisa esperar por meses, segundo a funcionária. “Demora de dois a três meses para liberar os exames mais simples. A policlínica do Bairro Marajoara, por exemplo, não aceita mais pedido do Jardim Eldorado, pois tem PSF (Programa de Saúde da Família) e isso dificultou. Apenas o PSF do Bairro São Mateus atende o Jardim Eldorado e a Cohab”, contou.

 

Um posto de saúde era para ter sido construído em 2015, mas a Prefeitura de Várzea Grande disse que encontrou suspeitas de irregularidades na construção de 15 postos de saúde. Apenas um foi concluído e sete devem ser retomados, segundo o superintendente da Secretaria de Saúde, Janderson Diego Figueiredo.

 

“Dessas sete unidades que serão retomadas, uma fica no Bairro Jardim Eldorado. Está em fase de processo licitatório, que vai ser finalizado ainda esse mês e a previsão da entrega é até junho de 2019”, explicou.

 

De acordo com a funcionária, tem pacientes com problemas no joelho que estão esperando há mais de três anos por um fisioterapeuta no Hospital Metropolitano.

 

“A prefeitura e a Secretaria de Saúde cobram muito dos enfermeiros e dos agentes de saúde, mas a iniciativa tem que vir deles. Nós somos apenas funcionários, somos mandados, não podemos fazer nada muito pelos pacientes, somos limitados”, declarou.

 

Falta de estrutura

 

A funcionária conta que nos postos de saúde estão faltando enfermeiros, agentes de saúde, médicos especialistas e outros profissionais que colaboram para o atendimento da população. Com isso, os locais ficam superlotados.

 

“Todas as equipes estão incompletas. Além disso, falta infraestrutura, quando chove molha os computadores, que são os únicos dois computadores para quatro equipes”, ressalta.

 

Além dos postos de saúde, foram encontradas irregularidades no Pronto Socorro Municipal. O Conselho Federal e Regional de Farmácia fizeram uma vistoria no local e encontraram medicações vencidas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e medicações sem identificação da data de abertura.

 

Também encontraram materiais com esterilização vencida. Outros sem identificação da data de esterilização. Havia também soro sem identificação na ala cirúrgica.

 

De acordo com os ficais, os lençóis precisam ser levados pelos próprios pacientes e não há locais para guardar pertences de pacientes e acompanhantes, além de faltar sabão para lavar as mãos e álcool em gel.

 

No bloco A da unidade, os fiscais disseram que faltam profissionais da limpeza e isso ocasionou condições precárias de higiene.

 

O secretário informou que a unidade de saúde atende mais do que o recomendado e que isso acaba causando problemas.

 

“É uma estrutura que atende além da capacidade. Às vezes, alguns problemas acabam acontecendo, mas algumas medidas estão sendo tomadas, inclusive, mudança de atitudes de alguns setores”, pontuou.

 

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