Diário da Serra
Diário da Serra

Comunidade se despede de principal cacique indígena Parecis

Ana Carolina Vilela / Ascom/Funai 17/07/2018 Geral

O Cacique João Arrezomae faleceu nesta segunda-feira, aos 90 anos

Geral

“A terra é meu coração, a água é meu sangue e o ar é meu espírito”. Essa frase era conhecida como a ideologia do Cacique Geral João Arrezomae, falecido na manhã desta segunda-feira, 16, na aldeia Kamae, da Terra Indigena Paresi (Tangará da Serra. A notícia foi dada por seu filho, Carlito Okenazokie, que encorajou seu povo a continuar lutando, mesmo em meio à tristeza: “a nossa vida continua e vamos seguir a nossa caminhada. É uma perda muito grande, um sentimento muito forte”, lamentou.
João foi servidor da Funai como agente de saúde e, posteriormente, da Fundação Nacional de Saúde – Funasa, a partir de 1999. Atualmente, estava aposentado e tinha 90 anos. Mas sua luta foi muito além disso.
Conhecido como "João Garimpeiro", recebeu esse apelido em razão de ter trabalhando em um garimpo fora da aldeia e, depois de retornar ao seu povo, ter lutado pelas terras, hoje demarcadas para povo Haliti/Paresi que, juntas, somam mais de um milhão de hectares. João atuou como um guerreiro junto a Daniel Matenho Cabixi, falecido em novembro de 2017, também servidor da Funai.
Martins Toledo de Melo, da Coordenação Técnica Local de Tangará da Serra, conhecia o Cacique e relembrou que “à noite, quando o visitava e dormia na casa dele, as conversas eram longas, sobre diversos assuntos, mas principalmente sobre manter o grupo unido, para pensar como povo e não individualmente”, afirmou o Técnico em Indigenismo.
Em entrevista à Funai, Rony Paresi, Cacique da aldeia Wazare e sobrinho de João Garimpeiro, fez a seguinte declaração: “o meu tio, João Arrezomae, foi um dos grandes guerreiros, juntamente com Daniel Kabixi e Walter Avelino, já falecidos, e muitos outros que estão vivos ainda e escreveram uma nova trajetória de vida, de conquista e de resistência do nosso povo Haliti/Paresi. Por essa razão, enquanto estiver vivo, irei defender a demarcação do nosso território, principalmente a manutenção e a revitalização da nossa cultura Paresi. É um desafio que temos e o que ele trouxe consigo até hoje vai ser um norte para uma nova trajetória de luta. Ele vai se eternizar com vários outros guerreiros e lideranças do nosso povo”.
O sepultamento do Cacique ocorreu no início da manhã desta terça-feira, 17, na aldeia Kamae.

Diário da Serra

Notícias da editoria